Você sabe o que é hipnose? É perigoso? Pode causar algum dano mental? É algo místico? Religioso?
Será que funciona? Para que serve? O que acontece com quem é hipnotizado?
Essas e outras dúvidas são muito comuns quando o assunto é sobre o que é a hipnose.
Além disso, existem muitos mitos acerca do assunto.
Portanto, para sanar essas dúvidas e quebrar alguns mitos, fiz esse artigo explicando tudo sobre o assunto.
Se você quer descobrir de uma vez por todas como funciona, o que é e para que serve a hipnose, continue a leitura até o final.
O que é hipnose?
Existem diversas definições sobre o que é a hipnose.
Existe quem diga que é um “estado alterado de consciência”.
Também existe quem a define como um estado onde a pessoa fica mais “suscetível às sugestões”.
Mas eu gosto muito de explicar como sendo um estado totalmente natural do ser humano, que envolve atenção focada, concentração, imaginação e relaxamento.
E então, com o estado de hipnose é possível trabalhar ativamente a mudança de emoções, sentimentos e comportamentos indesejados.
O que eu quero dizer com isso?
- Primeiramente, a hipnose é algo que acontece naturalmente com o ser humano;
- O estado hipnótico nada mais é do que um estado onde a pessoa está com foco, atenção e concentração elevados;
- Além disso, também envolve um estado de relaxamento do corpo e da mente;
- A pessoa permanece totalmente consciente, mas consegue ficar mais imaginativa;
- E por fim, também é possível alterar estados de emoções, sentimentos e comportamentos através desse estado.
Segundo a Associação Americana de Psicologia, “é um conjunto de técnicas destinadas a aumentar a concentração, minimizar as distrações usuais e aumentar a capacidade de resposta a sugestões para alterar os pensamentos, sentimentos, comportamento ou estado fisiológico”.
A hipnose existe realmente?
Antes de mais nada, vou falar sobre alguns fenômenos hipnóticos que acontecem no dia a dia.
Sabe quando você está tão concentrado em um filme, leitura ou algo do tipo, que acaba não notando a chegada de uma pessoa?
Pode-se dizer que isso é um processo hipnótico.
Ou então quando está concentrado assistindo a uma cena impactante de um filme que chega a se emocionar?
Podemos dizer que isso também é hipnose.
Existem muito mais exemplos de situações do dia a dia que podemos citar como hipnose.
Logo mais eu vou falar sobre alguns mitos e verdades, para que você entenda que, além de existir, é algo mais natural do que muita gente imagina.
Ou seja, é um fenômeno que acontece naturalmente na mente humana e não tem nada de “sobrenatural”.
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Para que serve a hipnose?
Existem algumas “modalidades” de hipnose hoje em dia que são muito utilizadas.
Existe a hipnose de entretenimento, onde uma pessoa que domina as técnicas utiliza para divertir uma pessoa ou um público.
Esse tipo de hipnose costuma acontecer na rua (street hypnosis, ou hipnose de rua) ou em um evento de palco (stage hypnosis, ou hipnose de palco).
Nessas situações é importante que o hipnotista tenha ética, para que a demonstração seja saudável e agradável a todos.
O intuito é apenas fazer algo divertido e demonstrar o poder da mente humana.
Mas também existe a hipnose utilizado no contexto terapêutico.
Ou seja, um profissional que domina procedimentos de terapia utiliza a hipnose para potencializar o resultado de seus clientes ou pacientes.
Também conhecida como hipnoterapia, nesses casos ela é realizada por um profissional capacitado a tratar os traumas, emoções e comportamentos indesejados.
É importante que, além da ética, o profissional possua conhecimento sobre terapia, para que possa entregar um resultado adequado.
Nesses casos, a hipnoterapia possibilita trabalhar diversos sintomas emocionais e comportamentais como, por exemplo:
- traumas;
- fobias;
- ansiedade;
- depressão;
- insônia;
- estresse;
- gagueira emocional;
- autoestima;
- compulsões;
- vícios;
- dentre outros.
Outro contexto onde a hipnose vem sendo muito utilizada é através de médicos, enfermeiros e dentistas, para o controle da dor.
Inclusive, a hipnose é uma prática regulamentada pelos conselhos de médicos, enfermeiros, dentistas e psicólogos.
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Charlatanismo, misticismo, religião ou ciência?
Apesar de cada vez mais existirem pessoas buscando conhecer a hipnose, ainda existem muitas dúvidas e preconceitos.
Aliás, existe até mesmo pessoas que acreditam que isso não passa de charlatanismo.
Mas será que isso existe mesmo?
Existem inúmeros estudos científicos que comprovam a eficácia da hipnose.
Até mesmo os conselhos da medicina, psicologia, odontologia e enfermagem regulamentam a prática pelos profissionais.
Portanto, sim! A hipnose é algo real e muito bem-visto pelos órgãos de saúde.
O que acontece é que existem muitas crenças, tabus e mitos sobre o assunto.
Ou seja, muita gente acredita que é algo relacionado a “controle mental”, onde o hipnotista irá comandar a mente do hipnotizado.
Isso realmente não existe.
Além disso, muita gente acredita que exista relação com algo místico ou religioso.
O que na verdade acontece é que em muitas práticas religiosas e místicas acontecem fenômenos hipnóticos.
Mas isso não quer dizer que seja algo relacionado a alguma religião ou prática oculta.
Ou seja, está mais alinhada à neurociência do que relacionada a qualquer outro tipo de coisa.
Quais os riscos da hipnose?
Outra dúvida muito comum é se existe algum risco ao se passar por hipnose.
E a resposta é: não!
Ou seja, ninguém corre nenhum risco real ao ser hipnotizado.
A pessoa hipnotizada não corre o risco de ter seus segredos revelados contra a vontade.
Também não tem risco de ficar preso em algum estado imaginário, nem de enlouquecer, nem nada do tipo.
Aliás, quando uma pessoa é hipnotizada, ela mantém a consciência a todo momento.
Apenas uma observação.
Quando se busca a hipnoterapia, ou seja, a terapia com hipnose, é importante saber se o terapeuta sabe o que está fazendo.
Não existe nenhum problema relacionado à hipnose em si, mas a terapia mal executada pode não dar os resultados desejados.
O que é o transe hipnótico?
Existe um fenômeno que sempre está muito relacionado a hipnose, que é o transe hipnótico.
É aquele momento onde a pessoa fecha os olhos e parece estar dormindo.
O que está de fato acontecendo ali é que, em transe, a pessoa está imersa em concentração e foco.
Mas está a todo momento acordada, se comunicando com o hipnotista e sabendo de tudo o que está acontecendo.
Normalmente ela está bastante relaxada, por isso às vezes acontece de a cabeça tombar, como se estivesse dormindo sentada.
Todo mundo pode ser hipnotizado?
Sim, todo mundo pode ser hipnotizado, contanto que não tenha nenhuma deficiência cognitiva.
Ou seja, caso não tenha nenhuma limitação mental, qualquer pessoa pode passar pelo processo.
O que acontece é que existe um estado de hipnose onde a pessoa se entrega de forma tão profunda à imaginação que é possível ela ter amnésia temporária ou até mesmo alucinações.
Aliás, isso normalmente é explorado em hipnose de rua ou de palco.
Ou seja, a imaginação da pessoa e a condução do hipnotista fazem com que ela esqueça algo, acredite que está vendo algo que não existe, não veja o que está à sua frente, dentre outros fenômenos.
Mas há quem diga que apenas cerca de 20% da população seja capaz de ter esse tipo de entrega ao processo, a ponto de ter esse tipo de experiência.
Porém, não é necessário esse grau de sensação para passar por hipnose terapêutica.
Portanto, para terapia, qualquer pessoa que não possua nenhuma deficiência mental grave pode ser hipnotizada.
Como funciona o processo de hipnose?
O processo de hipnose, ao contrário do que muitos imaginam, não tem nada a ver com pêndulos ou relógios de bolso.
É importante que exista rapport entre o hipnotista e a pessoa que será hipnotizada.
Portanto, sempre acontece uma conversa prévia onde são tiradas todas as dúvidas e são dadas as orientações sobre o processo.
Essa etapa eu considero que já faz parte da hipnose, pois se não existir esse vínculo entre hipnotista e hipnotizado, dificilmente a pessoa ficará receptiva ao processo.
Para os casos de terapia, o próximo passo é a anamnese, que é um tipo de entrevista ou bate-papo, onde a pessoa detalha o problema ou sintoma que deseja tratar.
Dessa forma o hipnotista consegue entender as técnicas e ferramentas que poderão auxiliar naquele momento.
O próximo passo é a indução.
Grande parte das induções são feitas através de comunicação, relaxamento, quebra de padrão, dentre outras técnicas.
O objetivo é que aconteça um alto nível de atenção e concentração.
Também é importante para que a pessoa hipnotizada se engaje no processo.
Nessa etapa podem acontecer alterações nas ondas cerebrais, principalmente intensificando as áreas de emoções e memória.
A partir daí, acontecem as sugestões.
Nesse momento a pessoa é guiada pelo hipnotista para o objetivo da sessão através de comunicação.
É uma etapa que normalmente envolve a imaginação e visualização de situações.
Finalizada essa etapa, começa o que chamamos de imersão do estado de transe.
Ou seja, são dadas sugestões que fazem a pessoa voltar ao seu estado normal, se sentindo muito bem.
O objetivo é que ela volte a sua atenção à rotina normal, fora do estado de hipnose.
A hipnose é legalizada?
Não existe lei que proíba a prática da hipnose.
Aliás, como se trata de algo natural da mente humana, é um tanto complicado falar em legislação.
Portanto, a hipnose é uma prática livre. Ou seja, qualquer pessoa pode realizá-la.
Os únicos pontos importantes são que se tenha ética e bom-senso ao fazer uma hipnose de entretenimento.
Nos casos de terapia, é fundamental que o profissional seja capacitado a trabalhar um processo terapêutico, visando a melhora do seu cliente.
Em algumas profissões, os seus conselhos profissionais regulamentam o uso da hipnose, para que seus profissionais utilizem seguindo as normas definidas.
Como já citei anteriormente, a hipnose é regulamentada pelos seguintes conselhos:
- CFM – Conselho Federal de Medicina;
- CFO – Conselho Federal de Odontologia;
- Conselho Federal de Psicologia;
- COFFITO – Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional;
- Cofen – Conselho Federal de Enfermagem.
Hipnose e terapia
Existe uma dúvida muito comum sobre a hipnoterapia.
Muita gente acredita que hipnose é por si só um tipo de terapia.
Na verdade, ela é apenas um estado de concentração e foco.
O que acontece é que, quando aliada a ferramentas terapêuticas com a psicologia, programação neurolinguística, psicanálise ou alguma outra, ela potencializa muito os resultados.
Ou seja, podemos dizer que ela é uma ferramenta para aumentar os resultados.
Mas é importante que o profissional domine uma (ou várias) técnicas de terapia para gerar resultados nos seus clientes.
Um hipnotista não necessariamente é um hipnoterapeuta.
Eu, por exemplo, utilizo de conceitos e ferramentas da neurociência, psicanálise, coaching, dentre outras para gerar a transformação dos meus clientes.
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Um pouco da história
Os fenômenos hipnóticos são estudados e praticados desde as civilizações mais antigas.
Mas a hipnose, como é conhecida atualmente, começou a ser praticada (não com este nome) desde o século 18.
Agora vou falar um poucos sobre a sua história e sobre grandes nomes associados.
A origem do que é hoje a hipnose
O médico alemão Franz Anton Mesmer (1734-1815) acreditava (e defendeu em sua tese de doutorado) que a atração gravitacional da terra, corpos celestes e magnetismo afetavam a saúde das pessoas, gerando inclusive alguns tipos de doenças mentais.
Nasceu aí o mesmerismo, que era um tipo de hipnose induzida pelo magnetismo das pessoas e pelos chamados passes magnéticos das mãos do praticante.
Ele buscou de todas as formas dar um caráter científico ao assunto, mas acabou sendo até mesmo tachado de charlatão por outros cientistas da época.
A partir daí, o médico James Braid (1795-1860) começou a estudar o estado hipnótico e como induzi-lo, mas de um ponto de vista mais científico.
Inclusive foi ele que criou o nome “hipnotismo” em alusão ao deus grego do sono, Hipnos, pois acreditava que se tratava de um “sono artificial”.
Ele mesmo percebeu o equívoco e reconheceu que hipnose não se trata de sono. Então tentou mudar o nome, mas este já estava tão difundido que acabou se popularizando como hipnose até os dias de hoje.
Após Braid, outros médicos e cientistas estudaram a fundo a hipnose.
O médico cirurgião James Esdaile (1808-1868), utilizou-se da hipnose para realizar cerca de 3.000 cirurgias sem a necessidade de anestésicos químicos.
Através de hipnose ele induzia o paciente ao que posteriormente foi nomeado como “Estado Esdaile”, onde a pessoa sente analgesia e passava pela cirurgia sem sentir dor.
O neurofisiologista Ivan Pavlov (1849-1936), estudou os efeitos da hipnose sobre o córtex cerebral e as indicações terapêuticas.
O médico Jean Martin Charcot (1825-1893), estudou a aplicação e tratamento de pacientes com histeria.
Freud e a hipnose
Sigmund Freud (1856-1939), médico e neurologista, aluno de Jean Martin Charcot, aplicou a hipnose no começo de sua carreira.
Influenciado pelo seu professor, utilizou-se da hipnose para tratar pacientes com doenças mentais, mas acabou abandonando a prática.
Desde então começou a criar o que é hoje a psicanálise.
O fato dele ter abandonado a hipnose chegou a levantar a hipótese de ineficácia do método.
Porém, existem relatos que até mesmo Freud reconheceu posteriormente que a hipnose era uma ferramenta excelente. Mas que ele não teria a utilizado da melhor forma.
A hipnose moderna
Dois nomes estão como os grandes responsáveis pela hipnose como é praticada nos dias de hoje.
Dave Elman (1900–1967) foi um grande hipnotista, que chegou a dar cursos para médicos.
A primeira cirurgia cardíaca de tórax aberto sem anestesia, utilizando somente hipnose foi realizada por seus alunos.
Elman estava presente como orientador na sala de cirurgia.
A forma de hipnotizar de Dave Elman ficou conhecido como Hipnose Clássica.
Além disso, Dave Elman deixou como legado sua técnica de indução, que até hoje é uma das mais utilizadas na hipnose clínica.
O médico psiquiatra norte-americano, Milton Erickson (1901-1980), popularizou o que hoje é conhecido como Hipnose Ericksoniana, ou Hipnose Conversacional.
É hoje muito utilizada na clínica e tem como característica ser mais permissiva e indireta.
Mitos e verdades
Não. Hipnose é apenas um estado de concentração e foco. Hipnoterapia é utilizar a hipnose, juntamente com conceitos terapêuticos para gerar a mudança emocional e comportamental do cliente.
Não existe nenhuma relação entre hipnose com religião ou algo místico. Apesar de alguns rituais religiosos ou místicos promoverem sensações semelhantes à hipnose, ela está mais relacionada a neurociência.
Muito pelo contrário. A pessoa fica 100% consciente, escutando e se comunicando por todo o tempo. E a hipnoterapia é um processo totalmente ativo por parte do cliente.
Como já foi dito, você não perde a consciência e não faz nada o que não faria normalmente. Ou seja, não existe risco de fazer algo que não deseja.
A neurociência explica que as memórias são recriadas a todo momento. Portanto não utilizamos com o intuito de recuperar memórias. Inclusive existe sempre a possibilidade de “memórias falsas”. Ou seja, o intuito nunca será o de tirar conclusões baseados em memórias.
Não é possível, e também não é esse o intuito. Em terapia, o que trabalhamos é para que a pessoa trate as feridas emocionais e saiba conviver melhor e de forma mais agradável com as memórias, mesmo que traumáticas.
Não existe essa possibilidade. É apenas um estado de concentração e foco, portanto você irá se dispersar normalmente após alguns instantes.
Dúvidas mais comuns
O uso das técnicas não oferecem nenhum risco ou efeito colateral. Apenas é importante que o hipnotista tenha ética e conheça as técnicas para que a experiência seja a mais positiva possível.
Para os casos de pessoas que tenham sofrido algum tipo de dano cerebral, ou que possuam algum transtorno de personalidade como borderline, esquizofrenia, alguns tipos de autismo, epilepsia ou algo que afete seus processos cognitivos, comunicativos ou intelectuais, é necessária uma avaliação minuciosa antes de passar por hipnose.
A hipnose desde a indução até a emersão
Atualmente a hipnose é utilizada como uma forma de comunicação. O hipnotizado entra em estado de extremo relaxamento, onde a comunicação com o hipnotizador torna-se mais fácil. O estado hipnótico é um estado alterado da consciência, facilitando a comunicação com o mundo exterior.
A hipnose clínica (ou hipnoterapia) é uma técnica usada no tratamento auxiliar de doenças físicas e doenças da mente: dores, insônia, fobias, medos, ansiedade, estresse, tabagismo, gagueira, auto-estima, perdas (mortes, casamento, namoro), obesidade, preparação para cirurgias, distúrbios de conduta, procedimentos
Conclusão
Como vimos, a hipnose é algo totalmente natural da mente humana.
Não tem nada a ver com misticismo, religião ou algum poder de controle mental.
Falamos um pouco sobre alguns mitos e crenças sobre o assunto, os riscos, e também como funciona o processo.
Mostramos um pouco da história, a ciência e o que os conselhos profissionais da saúde e as dúvidas mais comuns.
Portanto, espero que tenha entendido o que é a hipnose e o poder que essa ferramenta possui.
Caso tenha ficado com alguma dúvida, deixe um comentário que será um prazer ajudá-lo.
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Um grande abraço, e até o próximo post!